ADORAÇÃO NOSSA DE CADA DIA 3
Não existe adoração genuína se não houver genuínos adoradores. Essa expressão encontra base nas Escrituras na medida em que entendemos que Deus busca adoradores que o adorem em Espírito e em verdade, isto é, em realidade de vida.
Quando a igreja deixou de ser modelo para o mundo e passou a ser influenciada pelo molde mundano de religiosidade, muitas áreas eclesiológicas foram fortemente abaladas. No final dos anos 70 a musicalidade evangélica - basicamente de origem americana - começou a ser influenciada por cristãos brasileiros que desejavam expressar louvor e adoração com composições brasileiras. Muitas letras com conteúdo bíblico e ritmos diversos foram produzidas por pessoas regeneradas e com alto grau de compromisso com Deus. Nomes como Vencedores por Cristo, Asaph Borba, Adhemar de Campos, Guilherme Kerr, Nelson Bommilcar, entre outros, foram e ainda são referência em qualidade de letra e melodia cristã. Várias canções dessa época, que ainda são entoadas nas reuniões cristãs, refletem um relacionamento profundo com Deus, inspiradas pelas Escrituras e traduzidas em poesia e arte instrumental de qualidade.
Infelizmente a igreja brasileira, assim como a da América do Norte e Europa, tem vivido um período de mundanização motivada pela teologia liberal, cujo foco principal é a centralidade do homem e sua autonomia em todas as coisas. Deixar a base das Escrituras Sagradas como verdade absoluta de Deus para a Igreja e, a revelação central de Jesus Cristo como Senhor e Salvador, é abrir um abismo diante de si para cair no próximo passo.
Ao longo dos anos a invasão de valores anticristãos no “mundo evangélico” associados ao legalismo religioso, levou muitos jovens a deixar sua cultura evangélica e experimentar os prazeres do mundo libertino. Muitos desses, após longos anos de vida foram alcançados pela graça de Deus, porém seus filhos já tinham experimentado uma criação sem o contato e ensino da Palavra de Deus. Esses são os nascidos no final dos anos 80 e início da década de 90, os atuais jovens e adolescentes, que são como aqueles filhos do povo de Israel nascidos na escravidão do Egito e que não conheceram o Deus de Israel. O grande problema do povo de Israel foi não crer em Deus e na sua Palavra, pois sabemos que as culturas dos povos vizinhos influenciaram de tal maneira a vida do povo de Deus, que práticas abomináveis como sacrifício de crianças e adoração a ídolos foram adotadas por Israel.
Parece que a história se repete e novamente percebemos o chamado “mundo gospel”, não crendo em Deus como Senhor e na sua Palavra como absoluta, perfeita, boa e agradável vontade de Deus. Uma das grandes conseqüências é muito bem percebida na arte vocal e instrumental da igreja contemporânea. O desejo de imitar o mundo e não a Cristo, tomou conta da geração 80-90 de tal maneira que raramente encontramos letras e melodias com conteúdo bíblico, fruto de um profundo relacionamento com Jesus Cristo. A “moda gospel” criada por pessoas profundamente influenciadas pelo mundanismo e o desejo de ser Deus, tem gerado adolescentes e jovens evangélicos mergulhados no egocentrismo e voltados ao prazer de tocar e cantar para si mesmo. A “síndrome do palco” tem contagiado a muitos que vendem “adoração” e sustentam seu ego com gritos e aplausos da platéia. Como disse um pastor, “são atores que confundem púlpito com palco e culto com espetáculo”.
Muitas vezes vejo jovens sinceros tentando compor algo especial para Deus, mas em geral são tão rasos no conhecimento das Escrituras e na intimidade com Deus que suas composições são voltadas para um sentimentalismo e antropocentrismo baseados em experiências emocionais. Do repertório gospel que a juventude se interessa hoje, uma grande fatia é composta de versões de bandas internacionais gospels do mercado musical. Resta uma pequena fatia de regravações de hinos e canções do passado com boa letra e melodia e ainda uma menor fatia de composições, fruto da intimidade com Deus e sua Palavra.
Essa realidade tem influenciado drasticamente o culto cristão regido em grande parte, não pela adoração a Trindade Santa com canções cristocêntricas e congregacionais, mas por shows, letras e melodias centradas no homem e muita emoção. Essa situação é crítica e tem tristes conseqüências futuras, no entanto pode ser revertida se houver sabedoria e ensino por parte das lideranças cristãs voltadas para a radicalidade do evangelho de Jesus Cristo. Os jovens cristãos precisam ser pastoreados e ensinados na Palavra de Deus. Não podemos usar a música para atraí-los, pois se assim for, quando a música não estiver no gosto do “freguês”, eles buscarão outro lugar.
A música nunca deve ser o fim; o ego do sujeito não deve ser o mais importante, mas, o caráter regenerado por Cristo que gerará acima de tudo adoradores. Se pastores e líderes cristãos do ministério de adoração negligenciarem critérios fundamentais na formação desses jovens, barateando e abrindo concessões com o pretexto de quebrar tabus das tradições religiosas, nada mudará para melhor e por fim veremos mais confusão nas igrejas. O modelo de pessoas que estão à frente da igreja precisa ser bíblico acima de tudo. Se adolescentes e jovens não tiverem modelos cristãos bíblicos, eles buscarão seus modelos no mundo. Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo. 1 Coríntios 11.1. Se não houver critérios sérios para o ingresso de pessoas no ministério, não teremos modelos que reflitam a glória de Deus na igreja e, conseqüentemente, as próximas gerações serão mais corrompidas, pois não conhecerão nem o Deus de Israel e nem as suas obras.
É necessário primeiramente que o caráter do servo de Deus seja transformado pelo próprio Deus. Em Deuteronômio 6, Deus ensina aos pais que ensinem seus filhos as Sagradas Escrituras, constantemente e de várias maneiras. Assim também, precisamos do ensino bíblico da adoração para que as gerações sejam moldadas de acordo com a Palavra de Deus. Podemos perfeitamente ter qualidade teológica e musical no culto cristão. As duas coisas podem andar juntas, afim de que tenhamos crianças, adolescentes, jovens e adultos compondo, adorando, tocando e cantando a Palavra de Deus com arte e com júbilo.
À Trindade Santa toda a Glória!
Em Cristo,
pr. Eric Gomes do Carmo
Primeira Igreja Batista em Londrina
Ministério de Adoração e Culto
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