Eu sou o
SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a
minha honra, às imagens de escultura. Isaias 48:2
Escambo é a troca de mercadorias sem o uso de
dinheiro. No escambo há uma negociação em que cada uma das partes entrega um
bem ou presta um serviço para receber da outra parte um bem ou serviço, sem que
estes sejam moeda.
O escambo hoje em dia é pouco utilizado nas transações
comerciais, porém a ideia da barganha vantajosa permeia fortemente o coração do
homem pós-moderno. Principalmente no meio religioso, essa ideia permanece muito
forte e não está restrita aos pregadores da teologia da prosperidade, mas amplamente
disseminada na consciência evangélica contemporânea.
Quando se fala em adoração na Bíblia, um texto muito
citado é o de João 4:23 e 24 onde Jesus disse a Samaritana: “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai
em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus
adoradores”. O que significa que Deus busca adoradores que o adorem em
espírito e em verdade?
Baseado na ideia do escambo que é a mutua necessidade que
se satisfaz na troca do bem ou do serviço, será que Deus procura adoradores,
pois Ele é um Ser carente em busca de pessoas que o elogiem para suprir sua
necessidade?
Não! Deus não tem necessidade de ser elogiado,
paparicado por nós durante as poucas horas em que estamos reunidos como igreja
cantando ou orando. Também não busca adoradores que dão mais valor a estética
performática do que o conteúdo, ou pode ser manipulado por isso. Ao contrário
ele busca gente moída e autêntica, que reconhece quem Ele é e quer um
relacionamento de amor com Ele.
Adorar é uma necessidade do homem e não de Deus. Para
isso, o homem não pode impor o seu jeito e nem a sua verdade, mas se submeter revelação
de Deus. Essa relação é de criatura para o criador, de servo para o Senhor, de
filho para o Pai.
Não impressionamos a Deus com nossos cultos. Nem o
mais eloquente pregador ou o mais hábil cantor, a mais bela melodia ou a mais
linda poesia pode impressionar e assim barganhar alguma benção ou favor. Ao
contrário, somente um adorador convicto da grandeza de Deus e de seu próprio
estado, se prostra e beija seus pés em adoração. Não é como Caim fez e foi
rejeitado por basear-se na sua própria maneira de cultuar e na sua própria
justiça, mas como Abel que entregou sua oferta centrado no Deus da graça.
Abre,
Senhor, os meus lábios, e a minha boca manifestará os teus louvores. Pois não
te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não te agradas de
holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração
compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus. Salmo
51:15.
Dele, por ele e para ele são todas as coisas, como
poderia precisar de bajulações para abençoar alguém? Acaso, não sabeis? Porventura, não ouvis? Não vos tem sido anunciado
desde o princípio? Ou não atentastes para os fundamentos da terra? Ele é o que
está assentado sobre a redondeza da terra, cujos moradores são como gafanhotos;
é ele quem estende os céus como cortina e os desenrola como tenda para neles
habitar; é ele quem reduz a nada os príncipes e torna em nulidade os juízes da
terra. Mal foram plantados e semeados, mal se arraigou na terra o seu tronco,
já se secam, quando um sopro passa por eles, e uma tempestade os leva como
palha. A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? diz o Santo.
Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair
o seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome;
por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar. Isaias
40:21-26
O caminho da adoração é o caminho da fé, pois sem fé é
impossível agradar a Deus. Hebreus 11:6 - De
fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que
se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o
buscam. Somos nós que precisamos de Deus e nada do que façamos pode agregar
algum valor para nossa aceitação. A relação não é de escambo, mas de amor por
um Deus que nos amou primeiro.
O louvor e a adoração é fruto da intimidade do filho
com o Pai, do vivificado com o doador da vida, e não da prostituição da mente
com este mundo caído. Rogo- vos, pois,
irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 2 E
não vos conformeis com este século, mas sede transformados pela renovação da
vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus. Romanos 12:1.
Quando alguém recebe a verdade de Deus e nela crê pode
adorar na certeza de que nada mais importa, senão prostra-se em adoração diante
do Rei dos reis. É a submissão por inteiro à vontade de Deus e não aos desejos
de satisfação da carne. Quando nos submetemos a vontade de Deus a oração que
Jesus nos ensinou toma forma: seja feita
a tua vontade, assim na terra como no céu. Mateus 6:9.
O que estamos fazendo em nossos cultos com o louvor e a adoração que
pertence ao Senhor? Não vale somente ser sincero. Sinceramente, muitos
confundem prazer pessoal com louvor verdadeiro. Porque o foco está em si mesmo,
pensam que fazendo o que lhes agrada, estão louvando ao Senhor.
O louvor e a adoração a Deus
não é entretenimento, não é artigo de consumo, muito menos tem a ver com gosto
pessoal. Desculpe, Deus não faz barganha com sua glória! Deus não faz escambo!
Ele já disse isso: Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois,
não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura. Isaias
42:8
O culto a Deus, é fruto do
relacionamento de intimidade pessoal com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Quando estamos juntos a organização desta devoção é chamada de liturgia. O
pastor Eliel Batista diz que um “culto organizado requer um dirigente e para
que todos possam cultuar estabelecem-se liturgias determinadas”.
Sem dúvida a liturgia pode tornar-se
enfadonha se o culto não acontecer, movido por corações sedentos e focados em
Deus. Possivelmente os gestos de adoração perderão o significado, levando em
muitos casos a tornar-se, como diz ainda o mesmo pastor, “instrumento
manipulador nas mãos de dirigentes inescrupulosos do culto”.
O cântico dos redimidos não é designado para um, mas para
muitos. O louvor ao Senhor não é feito para destacar talentos, mas para incluir
as vozes dos muitos. Este coro dos redimidos ergue uma voz de louvor que
testemunha a reconciliação com o Pai e com outros filhos. O cântico dos redimidos
deve ser cantado por todo aquele que foi alcançado pela obra da cruz, seja qual
for a idade, classe social ou cor de pele.
O que tem significado o louvor
congregacional para nossas vidas? Como disse A.W. Tozer, “se a adoração te
entedia então você não está preparado ainda para o céu”. E os quatro seres
viventes, tendo cada um deles, respectivamente, seis asas, estão cheios de
olhos, ao redor e por dentro; não têm descanso, nem de dia nem de noite,
proclamando: Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo- Poderoso, aquele que
era, que é e que há de vir. Apocalipse 4:8
É comum ver na igreja pessoas que relacionam o
louvor e a adoração somente com a música. Infelizmente a música na igreja
assumiu um posto de status, um conceito estético e o preenchimento lúdico de um
tempo da reunião. Porém a bíblia nos ensina que na reunião da igreja o louvor é
muito mais que cantar. Falando
entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e
cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome
de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.
Ef 5.19-21
Disse Eugene H.
Peterson: “Em vez de sermos levados à presença de Deus e incentivados a
desenvolver um interesse pelos sagrados mistérios da transcendência que provém
da adoração, somos convencidos e incentivados o tempo todo a experimentar isso
e frequentar aquilo”. O coração do homem está agitado. Uns querem músicas mais
agitadas, outros querem músicas mais serenas, ambos com o coração enfadado.
O canto congregacional que tem um fim em si mesmo, com
o tempo perde o seu significado. No entanto cantar ao Senhor é um ato santo,
cheio da alegria do Espírito e não restrito a melodia, a harmonia ou ao ritmo. Cristãos
cantam louvores nas igrejas porque Cristo canta e nos mandou cantar. Por
isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos, dizendo: A meus irmãos
declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação. Hebreus
2.12.
Cristo nos ensina: Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e
aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e
hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração. Colossenses
3.16.
Não
temos nada que possa servir como objeto de valor para com Deus. Ele também não
faz trocas conosco, mas entregou o Seu único Filho à morte por amor a nós. Não
chegamos diante Dele por causa de algum mérito nosso ou por alguma necessidade
de Deus, mas por causa do Seu amor. Sacia-nos
de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos alegremos
todos os nossos dias. Cantai ao
SENHOR, bendizei o seu nome; proclamai a sua salvação, dia após dia. Salmo
96.2. Cante, louve e adore a Ele, sobre Ele e por causa Dele.
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