A arte é um dos meios de maior expressividade do ser humano. Através das artes plásticas, cênicas, música e literatura o homem tem manifestado sua capacidade artística criativa.
No entanto, ao olhar para a natureza em sua exuberante engenhosidade, colorido e beleza, assim como ouvir a frequência das vibrações sonoras no mundo, podemos perceber que a sensibilidade artística do ser humano é traço marcante de uma inteligência superior.
Não há como admirar a pintura do quadro Monalisa sem concluir que foi originalmente pintado por um artista, assim como não é possível admirarmos a natureza e concluirmos que tudo adveio de uma explosão.
É contra a razão humana não concluir que um ser superior, o qual a Bíblia chama de Elohiym (soberano, criador, governante), criou o mundo e tudo o que nele há. Após a Criação, Deus viu que tudo era bom. No sexto dia, após criar o homem e a mulher é dito: Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom (Gênesis 1.31). Bavinck (1854-1921) diz: “A arte também é um dom de Deus. Como o Senhor não é apenas verdade e santidade, mas também glória, Ele expande a beleza de Seu nome sobre todas as Suas obras”.
Mas o mesmo homem criado a imagem de Deus (retidão, inteligência, razão e afeições) optou por sua própria glória ao invés da glória do seu Criador. A imago dei foi terrivelmente deformada devido ao pecado. Como disse o teólogo Hermisten Maia “o pecado, que consiste na quebra de relacionamento com Deus, trouxe ao ser humano diversas consequências. Entre elas, a perda da sensibilidade espiritual. O ser humano perdeu a capacidade de reconhecer a Deus em Seus atos manifestos em toda a Criação, na Escritura e, plenamente revelado, em Cristo Jesus”.
Temos um impulso de glorificar o artista humano mais que o Artista supremo. Com facilidade podemos admirar o desempenho de aviões a jato, de um super computador ou mesmo a arquitetura de uma mega catedral, mas muitas vezes nos esquecemos de considerar o complexo e performático voo de um pequeno colibri e a maravilhosa criatividade e sabedoria de quem o criou.
Jesus Cristo é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. 1 Coríntios 1.15,16.
Jesus Cristo veio restaurar a imagem e semelhança de Deus no homem. A Cruz é o ponto alto dessa imensurável graça de Deus, onde ele atraiu para si o pecado deformante do homem. Jesus se fez pecado e os céus se escureceram naquele momento, cobrindo a feiura que causamos Nele. Jesus Cristo morreu a nossa morte para, na Sua ressurreição dentre os mortos, nos dar a Sua Vida.
Em Efésios 2:10, o apóstolo Paulo diz que “somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”. Somos o poema de Deus, obras de Deus como criador, uma expressão artística de Deus. Essa é a maior expressão criativa de Deus. Em Cristo Deus refez a criação humana deformada pelo pecado com suas egocêntricas atitudes e nos permite agora apreciar a Sua Glória, a bela arte, as pessoas e toda a criação.
Quando Adão e Eva pecaram seus olhos foram abertos e puderam ver em si a deformidade do pecado. Quando uma pessoa é regenerada em Cristo Jesus, seus olhos são abertos para ver a glória e o reino de Deus e entrar. Que nesta noite possamos dar glória a Deus por sua graça e contemplar a arte como dádiva de um Deus criativo e amoroso.
Eric Gomes do Carmo
Comentários