NESSES VERÔES
Esta semana eu estava esperando meu filho terminar uma pequena cirurgia num consultório odontológico quando assisti a um programa de saúde na TV, falando sobre a preparação das pessoas para a temporada de verão.
Através das entrevistas do programa foram apresentadas muitas pessoas e a maneira com que cada uma delas busca produzir uma aparência mais saudável para o verão. Da dieta e do remédio para emagrecer à atividade física, do bronzeamento artificial à exposição ao sol, das massagens modeladoras ao botox, as mulheres e os homens entrevistados falaram da busca de um melhor visual, uma melhor forma física em poucas semanas ou poucas horas.
Considerei então que essas pessoas passam a maior parte do ano cobrindo a grande parte do corpo sem se preocuparem tanto com a forma física, pois o clima proporciona que através de outros recursos como uma cinta elástica e etc., consigam modelar o seu físico ou esconder o que está em excesso, preocupando-se apenas com o que está à vista.
Nessa onda de transformações a curto prazo, o que ficou bem evidente é que em geral muitos estão mais preocupados com a aparência de seus corpos, objetivando expô-los no verão onde usam menos roupas do que com um processo saudável de alimentação e atividade física a longo prazo.
A preocupação com a aparência não é de toda ruim. Estar de bem consigo mesmo em frente ao espelho é um fator importante que contribui para uma boa auto-estima. O grande problema não é querer ficar em forma e com saúde, mas sim a questão conceitual sobre saúde e bem estar, assim como o valor considerado sobre a pessoa em si e sua aparência, sobre que ela é e o que se parece ser.
A abrupta busca em modificar o corpo para uma temporada sinaliza a crise de valores pessoais, a procura por ser mais bem visto e a preocupação em aparentar ser melhor do que o outro, de mostrar algo mais, de fazer parecer algo que na verdade não é.
É interessante considerar que numa sociedade de valores tão relativos, onde pouco se acredita em verdades absolutas, as pessoas adotam padrões para si, que na realidade não é fruto de uma consideração pessoal livre de preconceitos, mas sim sutilmente imposta pela mídia manipuladora.
Em nossa sociedade, estamos vivendo fortemente o processo de degradação do ser para o ter e do ter para o parecer. Já não é suficiente ser rico e ter dinheiro, é importante parecer rico e parecer ter muito dinheiro.
Nessa mesma levada, fui surpreendido com a estatística apresentada no Jornal de Londrina no final do ano passado, abordando a questão do número de jovens que estão desistindo de encarar o vestibular. Dentre os motivos citados, ficou destacado para mim, que do número de jovens que chegam a completar o ensino médio, muitos estão considerando que quatro anos para concluir um curso superior é muito tempo para depois de formado, ainda ter que batalhar por um bom emprego.
Avaliando esse assunto dos jovens, minha conclusão é que em nossa sociedade imediatista, o que se quer é ganhar dinheiro rápido e fácil; é ter uma moto, um carro ou os dois, mesmo que isso custe mais da metade do salário durante cinco anos ou mais pagando um financiamento.É ter dinheiro rápido para satisfazer a ansiedade de possuir a roupa de marca, o tênis de marca, a garota e o garoto da hora, a droga do momento.
Em minhas elucubrações sobre assuntos da nossa contemporaneidade, pude concluir também que os pais não estão ensinando para os filhos que um futuro honesto se constrói paulatinamente, subindo um degrau de cada vez. Que o que a mídia mostra de cantores, jogadores de futebol famosos e de artistas BBB não é uma realidade geral, assim como não é a ilusão de ficar rico ganhando na loteria.
Essa vida representada da não-realidade tem virado a cabeça de muita gente e feito com que valores éticos e morais, julgados como arcaicos e conservadores para uma maneira saudável de vida, sejam rejeitados. Com isso vai se perdendo as âncoras e cada vez mais os indivíduos vão rodando ao vento de toda a sorte de novidade.
Após a Idade Média, o homem achou que a Razão resolveria seu problema de vazio existencial. Após a Segunda Guerra viu que nem a Religião e nem a Razão resolveu seu maior problema. Daí em diante pensa: “Sabe de uma coisa, cada um que se exploda, se vire como puder e creia no que quiser”. No entanto o homem continua o mesmo, com o mesmo problema e rejeitando sua única solução.
Eric Gomes do Carmo
Esta semana eu estava esperando meu filho terminar uma pequena cirurgia num consultório odontológico quando assisti a um programa de saúde na TV, falando sobre a preparação das pessoas para a temporada de verão.
Através das entrevistas do programa foram apresentadas muitas pessoas e a maneira com que cada uma delas busca produzir uma aparência mais saudável para o verão. Da dieta e do remédio para emagrecer à atividade física, do bronzeamento artificial à exposição ao sol, das massagens modeladoras ao botox, as mulheres e os homens entrevistados falaram da busca de um melhor visual, uma melhor forma física em poucas semanas ou poucas horas.
Considerei então que essas pessoas passam a maior parte do ano cobrindo a grande parte do corpo sem se preocuparem tanto com a forma física, pois o clima proporciona que através de outros recursos como uma cinta elástica e etc., consigam modelar o seu físico ou esconder o que está em excesso, preocupando-se apenas com o que está à vista.
Nessa onda de transformações a curto prazo, o que ficou bem evidente é que em geral muitos estão mais preocupados com a aparência de seus corpos, objetivando expô-los no verão onde usam menos roupas do que com um processo saudável de alimentação e atividade física a longo prazo.
A preocupação com a aparência não é de toda ruim. Estar de bem consigo mesmo em frente ao espelho é um fator importante que contribui para uma boa auto-estima. O grande problema não é querer ficar em forma e com saúde, mas sim a questão conceitual sobre saúde e bem estar, assim como o valor considerado sobre a pessoa em si e sua aparência, sobre que ela é e o que se parece ser.
A abrupta busca em modificar o corpo para uma temporada sinaliza a crise de valores pessoais, a procura por ser mais bem visto e a preocupação em aparentar ser melhor do que o outro, de mostrar algo mais, de fazer parecer algo que na verdade não é.
É interessante considerar que numa sociedade de valores tão relativos, onde pouco se acredita em verdades absolutas, as pessoas adotam padrões para si, que na realidade não é fruto de uma consideração pessoal livre de preconceitos, mas sim sutilmente imposta pela mídia manipuladora.
Em nossa sociedade, estamos vivendo fortemente o processo de degradação do ser para o ter e do ter para o parecer. Já não é suficiente ser rico e ter dinheiro, é importante parecer rico e parecer ter muito dinheiro.
Nessa mesma levada, fui surpreendido com a estatística apresentada no Jornal de Londrina no final do ano passado, abordando a questão do número de jovens que estão desistindo de encarar o vestibular. Dentre os motivos citados, ficou destacado para mim, que do número de jovens que chegam a completar o ensino médio, muitos estão considerando que quatro anos para concluir um curso superior é muito tempo para depois de formado, ainda ter que batalhar por um bom emprego.
Avaliando esse assunto dos jovens, minha conclusão é que em nossa sociedade imediatista, o que se quer é ganhar dinheiro rápido e fácil; é ter uma moto, um carro ou os dois, mesmo que isso custe mais da metade do salário durante cinco anos ou mais pagando um financiamento.É ter dinheiro rápido para satisfazer a ansiedade de possuir a roupa de marca, o tênis de marca, a garota e o garoto da hora, a droga do momento.
Em minhas elucubrações sobre assuntos da nossa contemporaneidade, pude concluir também que os pais não estão ensinando para os filhos que um futuro honesto se constrói paulatinamente, subindo um degrau de cada vez. Que o que a mídia mostra de cantores, jogadores de futebol famosos e de artistas BBB não é uma realidade geral, assim como não é a ilusão de ficar rico ganhando na loteria.
Essa vida representada da não-realidade tem virado a cabeça de muita gente e feito com que valores éticos e morais, julgados como arcaicos e conservadores para uma maneira saudável de vida, sejam rejeitados. Com isso vai se perdendo as âncoras e cada vez mais os indivíduos vão rodando ao vento de toda a sorte de novidade.
Após a Idade Média, o homem achou que a Razão resolveria seu problema de vazio existencial. Após a Segunda Guerra viu que nem a Religião e nem a Razão resolveu seu maior problema. Daí em diante pensa: “Sabe de uma coisa, cada um que se exploda, se vire como puder e creia no que quiser”. No entanto o homem continua o mesmo, com o mesmo problema e rejeitando sua única solução.
Eric Gomes do Carmo
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