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GUIANDO PELA MÃO

E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor. Efésios 6.4
    Um lar edificado por Deus tem como marca crucial a obra de Jesus Cristo na Cruz. Esse é o Evangelho completo da substituição e inclusão do pecador em Sua morte e ressurreição. Se o Senhor não edificar nossos lares (Salmo 127), tudo o que fizermos será inútil. Todos os recursos que utilizarmos (educadores, pastores, psicólogos etc.) que colocarmos acima da Palavra de Deus nos levará ao fracasso. 
    A família é o núcleo natural da formação de um indivíduo. Sem levar em conta os contextos secundários, é o ambiente familiar o cerne em que cada um de nós deveria ser amado, alimentado e educado para “ser gente” e viver em sociedade. 
    São os pais os primeiros e principais responsáveis pela formação física, emocional e espiritual de seus filhos. São o pai e a mãe que, em condições normais, devem suprir e conduzir seus filhos à maturidade. Delegar essa responsabilidade a outros é negligenciar o mandado de Deus com consequências negativas para a família. 
    Os filhos são herança do Senhor (presentes dados por Deus). Assim diz o salmista: Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão. Salmo 127.3. A herança é algo dado por vontade do doador, e os filhos são presentes do Senhor para os pais. Eles nunca deixarão de ser filhos, mas são do Senhor, e o tempo em que temos autoridade sobre suas vidas é limitado. 
    O termo “criar” usado por Paulo quer dizer “alimentar até tornar-se maduro”. Os pais que criam filhos para si quererão sempre exercer domínio sobre eles para satisfazerem suas próprias carências emocionais. Por isso, Paulo usa os termos disciplina e admoestação do Senhor e não nossa. Como filho de Deus, você tem sido disciplinado por Ele? Vejamos o texto de Hebreus 12.7-11. 
    A instrução e o conselho devem ser do Senhor (Ef 6.4). Se não aprendermos primeiro a instrução e o conselho do Senhor, como levaremos nossos filhos aonde não fomos ainda? É importante então questionar o tipo de fonte que tem sido usada na educação de nossos filhos e filhas. Que tipo de ensino temos permitido entrar em nossos lares? É nossa a responsabilidade, como pais, a escolha daquilo que estão oferecendo aos nossos filhos. 
    Assim como cada um de nós precisa ser corrigido por Deus, da mesma forma, nossos filhos precisam amorosamente de limites e correção, aplicados com o objetivo de edificar. A disciplina significa "todo o treino e educação que diz respeito ao cultivo de mente de moralidade com o emprego de ordens e admoestações, repreensão e punição para este propósito". Provérbios 22.6 expressa uma grande promessa de Deus aos pais: Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele. Ensinar significa trazer a criança em sujeição, de modo que ela obedeça e desvie-se de seus caminhos egoístas e pecaminosos, para obedecer à Palavra de Deus. 
    Para que eduquemos nossos filhos na disciplina e admoestação do Senhor, é necessário que eles vejam claramente em nossas vidas a vida de Cristo e assim também creiam que o que pregamos com palavras é a realidade em nossos corações. Instruir não é tarefa fácil, envolve constância, paciência, coerência entre quem ensina e o que ensina. Instruir nossos filhos segundo a vontade de Deus não significa que o processo será fácil (cf. Hb 12.11-13). Significa auxiliar no cumprimento do que foi ensinado para posteriormente vermos a benção da obediência. 
    Continuando o ensino sobre o andar cristão (Ef 4.17- 6.22), o apóstolo Paulo usa um termo negativo em nosso texto base: “não provoqueis vossos filhos à ira”. Mas o que quer dizer isso? Quanto a essa questão, nossos modelos têm grande influência. Muitos tiveram uma educação rígida por parte dos pais e hoje uns seguem o mesmo caminho e outros tentam fazer justamente o oposto ao que receberam, errando também drasticamente. 
    Como podemos provocar a ira de nossos filhos? Uma das maneiras é o uso de força dominadora para ameaçá-los. Pais que usam punições injustas gerarão no coração dos filhos um sentimento de raiva e até desespero. Pais podem elevar tanto o nível de exigência por meio de críticas pesadas e contínuas sobre os filhos, que os levarão ao desânimo, como diz Paulo à igreja em Colossos (Cl 3.21).     Nesse caso, não são o arrependimento e a edificação, por meio da graça de Deus, que serão alcançados, mas a ira dos filhos. Quando pais fazem dos filhos meros servos para satisfazerem suas vontades ou projetam neles seus desejos pessoais, certamente surgirão conflitos desnecessários que estarão distantes do que seja criar os filhos na disciplina do Senhor. 
    O outro extremo na educação dos filhos é o medo de ser rigoroso demais, dando espaço para a frouxidão em todos os aspectos do relacionamento familiar. O medo de exagerar, aliado à cultura opressiva que vem sendo exercida sobre os pais em relação à educação de seus filhos, tem levado muitos a serem lenientes e condescendentes com a estultícia e atitude rebelde dos filhos. A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela. Provérbios 22.14-15. Por isso, é fundamental observar o que as Escrituras nos instruem sobre a educação dos filhos. Vamos ler Deuteronômio 6.4-9. 
    Vejamos dois casos. Eli era um sacerdote que tinha dois filhos, Hofini e Finéias (1 Sm 2.12-17). Por causa de sua negligência como pai, seus dois filhos tornaram-se totalmente reprováveis diante de Deus e de todo o povo. Eles haviam sido criados desde crianças no ambiente do Tabernáculo e tomaram conhecimento de tudo referente ao temor de Deus. Com o passar do tempo, por falta da disciplina educativa de Eli, os dois começaram a desprezar a oferta ao Senhor e os procedimentos do culto, a ponto de Deus querer matá-los, pois sem o temor de Deus tornaram-se abomináveis. 
    Outro exemplo é a história de Davi. Ele foi chamado de homem segundo o coração de Deus. Seus feitos foram notáveis e sua dependência do Senhor era surpreendente, porém, pelo que parece, ele não “tinha tempo” para se dedicar aos seus filhos. No texto de 1 Reis 1.5 e 6, a Bíblia nos diz que, quando Davi já era velho e logo Salomão assumiria o trono, um deles, chamado Adonias, se exaltou e disse: Eu reinarei. Não era assim que deveria acontecer uma sucessão, mas lemos no versículo 6 que Davi jamais o contrariou, jamais o questionou. 
    É possível que Eli e Davi tenham confundido amor com ausência de disciplina e direcionamento. Admoestar nossos filhos significa levá-los a ponderar e a julgar sobriamente para que suas decisões sejam baseadas na vontade de Deus. Aos pais foi dada a responsabilidade de amar, proteger, educar e disciplinar os filhos. Quando eles são deixados por si sós, sem receberem o ensino baseado no amor de Deus com disciplina e admoestação, os pais só terão um resultado esperado – a vergonha. A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem envergonhar a sua mãe. Provérbios 29.15. 
    A responsabilidade de criar e educar os filhos não é da igreja e muito menos da escola. Os pais que delegam essa missão a parentes ou a alguma instituição estão negligenciando o mandado de Deus. Quando Paulo usa o termo “pais” no versículo 4 (Ef 6.4, cf. Cl 3.21), refere-se apenas ao pai, ao homem. Então, a responsabilidade primeira pela educação quando se trata da disciplina dos filhos é do pai. Tanto a negligência quanto o comodismo podem nos levar ao que aconteceu com Eli e Davi.         
    Vejamos agora o Salmo 78.3-7: O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu poder, e as maravilhas que fez. Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os transmitissem a seus filhos, a fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que ainda hão de nascer se levantassem e por sua vez os referissem aos seus descendentes; para que pusessem em Deus a sua confiança e não se esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe observassem os mandamentos. 
    O que cada um de nós tem ouvido e aprendido do Senhor? São os seus louvores, o seu poder e as maravilhas que Ele fez e tem feito? O testemunho e a lei são a vontade de Deus registrada para nós nas Escrituras. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. 2 Timóteo 3.16-17 O que devem fazer os pais ao perceberem que têm sido negligentes no ensino, na repreensão, na correção e educação de seus filhos? Considere as seguintes questões: 
    Primeiro, nunca é tarde demais para corrigir o percurso. Identifique e confesse as atitudes erradas em que você tem falhado. Peça a Deus que lhe dirija e lhe dê sabedoria e graça na correção dos problemas sejam eles a preguiça, o orgulho, a irritabilidade, a permissividade, a incoerência e prioridades erradas. A santificação é o despojar do velho homem e seus feitos, levando o morrer de Jesus em nosso dia a dia para que a Sua vida se manifeste em nós. 
    Lembre-se que já fomos perdoados por Deus em Cristo e que um coração verdadeiramente quebrantado e compungido Deus não rejeita. Viva a cada dia na perspectiva da obra de Jesus Cristo na Cruz por você e sua família. 
Eric G. do Carmo

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